segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Visão interior

Eu amo e clamo, mas não ouço resposta.
então eu odeio e renego, e não faço perguntas.
Eu busco e não encontro
então persigo e seqüestro

Eu peço e não ganho
então roubo e me aposso
Eu luto e perco
então eu trapaceio e venço

Eu durmo e não sonho
então acordo e invento
Eu planejo e não realizo
então eu enceno e finjo

Eu escrevo e não sou lido
então me torno vândalo e pincho
Eu peço licença, mas não me deixam passar.
então pulo o muro e entro sem você me convidar

Invado sua casa todos os dias
Brinco com suas filhas, como sua comida.
Sento em seu sofá, assisto sua TV.
Bebo sue café, fumo sue cigarro.

Dirijo seu carro, durmo com sua mulher.
Recebo seu salário, ouço seu radio.
Você me vê todos os dias
e me conhece muito bem

Mas você prefere plantar flor no deserto
e vidas no cemitério
Você se veste de branco e se denomina santo
Usa uma auréola e se diz anjo

Mas não pode fugir nem se esconder
Nem se fosse cego deixaria de perceber
Mesmo que tente me lançar no desfiladeiro
Continuarei a ser o reflexo do espelho

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