segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A arte que não contemplamos

















Vamos aos museus para nos enchermos da beleza, das contestações e expressões inseridas nas manifestações artísticas expostas. Seja uma tela, uma escultura ou uma instalação, a Arte nos inspira e nos instiga à dar-lhe significados, a desvendarmos os sentimentos que seu autor lhe depositou.

Damos valor a Arte que ensinam nas Academias, as obras que grandes críticos definiram como espetaculares e não percebemos que a todo momento temos obras magnificas a serem contempladas, expressões que fazem parte do nosso cotidiano e que não são percebidas em sua plenitude, manifestações que, muita vezes, são até estigmatizadas. A Arte histórica, das ruas, natural e ensinada de pai para filho, tudo merece a apreciação.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O outro lado

Impossível sair ileso do foco de Diane Arbus, seja modelo ou expectador, ninguém sai impune após a sua fotografia. Na contramão do “American way of life” (estilo de vida Americano) ela chocou a sociedade da época ao registrar pessoas que não se encaixavam nesse padrão, pessoas com gigantismo (gigantes mesmo!), ananismos, lésbicas, com síndrome de Down, homossexuais, travestis. Ela enxergou gente de quem a maioria desviava o olhar, que estavam à margem da sociedade, grupos discriminados por serem diferentes, que eram rotulados como anormais e impróprios para convivência, que levavam o nome de “freak” e que eram, por isso, atração de circo - literalmente.

A fotografia de Arbus mostra que por trás da imagem classificada como bizarra, existem os sentimentos de dor, alegria, ódio, amor, prazer, que são inerentes à humanidade e que nos tornam essencialmente iguais, semelhantes na fragilidade emocional, no anseio de que as diferenças sejam respeitadas, mesmo que não as aceitem.

Os modelos de Arbus eram fotografados nos seus ambientes e momentos cotidianos, íntimos, como se não existissem o preconceito e a segregação por ele causada. Eles eram clicados sem nenhuma vergonha de demonstrar o que eram, de expressar o que acreditavam, exibindo parte de suas identidades, independente da imagem que outras pessoas possuíssem deles.

Com isso, os ensaios de Arbus levantaram questionamentos que ainda são pertinentes: Valorizamos mais a imagem em detrimento da identidade? Respeitamos as diferenças ou as utilizamos para criar grupos excludentes? De fato conhecemos sobre o que, muitas vezes, severamente opinamos?




 Um choro de criança, 1967
 Uma mulher em uma máscara, 1967
 Um jovem com bobes em casa, na West 20th Street, 1966
 Engolidora de espadas albina em um carnaval, 1970

 Menino com um chapéu de palha esperando para marchar em um desfile pró-guerra, NYC 1967
 Criança com uma granada de brinquedo na mão no Central Park, 1962
 Hermafrodita e cachorro no Carnaval de 1970
 Gêmeos idênticos, Roselle, em Nova Iorque, 1967
 Gigante judeu em casa com os pais, 1970
 Mexicano anão em seu quarto de hotel, 1970
 Porto Rico, mulher com marca de beleza de 1965
 Duas senhoras no restaurante, N.Y.C. 1966
 Untitled 1970
Jovem garota nudista, 1965 


“Diane Nemerov nasceu em Nova York no dia 14 de março de 1923. Aos 14 anos conheceu Allan Arbus com quem se casou aos 18 anos. Foi com ele que Diane aprendeu a fotografar. Após a separação aprendeu com Alexey Brodovitch e Richard Avedon. Em 1963 Diane Arbus ganhou uma bolsa da Fundação Guggenheim e no ano seguinte teve sua primeira exposição no Museu de Arte Moderna. Depois ela se dedica a ensinar fotografia na Parsons School of Design em Nova York e no Hampshire College em Amherst, Massachusetts. No fim dos anos 60 Arbus entrou nos asilos e hospitais e fez dos idosos, doentes e loucos os seus modelos. Em julho de 1971, a fotógrafa se suicidou ingerindo barbitúricos e cortando os pulsos. Em 1972 a Bienal de Veneza consagrou a artista expondo seus trabalhos.”

Para os que se interessarem em saber um pouco mais sobre a vida e a obra de Diane:

Filme “A Pele”
Título original: (Fur: An Imaginary Portrait of Diane Arbus)
Lançamento: 2006 (EUA)
Direção: Steven Shainberg
Atores: Nicole Kidman, Robert Downey Jr., Ty Burrell, Harris Yulin.
Duração: 120 min
Gênero: Drama




quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Fim de Expediente


O projeto Fim de Expediente é uma homenagem do Núcledo de Fotografia – Comunica com foto às auxiliares de serviços gerais do Campus Boa Vista da Universidade Vila Velha – UVV. Com os objetivos de dar visibilidade a essas mulheres que, apesar de fazerem parte do cotidiano acadêmico muitas vezes passam despercebidas, escondidas pelo uniforme de trabalho.

Esse projeto me ensinou muito mais do que técnica fotográfica. Antes dele eu compreendia a Fotografia como uma arte, uma profissão, uma maneira de se expressar, refletir, denunciar e uma porção de outros verbos, mas é muito mais que isso.

Descobri a Fotografia como um instrumento que pode proporcionar o bem comum, que pode promover a integração entre pessoas e estimular sentimentos que ás vezes, na correria do dia a dia, são deixados de lado sem nem nos darmos conta, como o simples gesto de dar um sorriso, um bom dia para alguém, de realmente tratar as pessoas com atenção e carinho.

Através do Fim de Expediente conheci quem veste o uniforme, que trabalha, sonha, estuda, cuida dos filhos e ainda se diverti, conheci a mulher que considero tipicamente brasileira, não àquela que é difundida pelos estereótipos, mas a mulher verdadeira, que possui uma beleza única, a sua própria beleza. Imagino que foi isso o que mostramos a elas, que elas são bonitas, que são muito importantes e que devem se reconhecer assim.

Esse trabalho resultou em fotos belissímas, que foram entregues a elas durante a cerimonia de abertura da Exposição Fim de Expediente realizada no Campus e no audiovisual abaixo:


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Fênix

Em um caminho de rosas 
furei-me em um espinho
Em um imenso oceano
afoguei-me em uma gota

Curei as feridas,
esqueci das cicatrizes.
Lindas amigas!
Pequenas meretrizes!

Apaguei a fogueira,
esqueci as cinzas.
Pequenas faíscas,
consumiram a lenha.

Construí um castelo de cartas
e me tornei rainha.
O inimigo me destronou,
meu castelo desmoronou.

Encontrei um esconderijo!
Da mentira fiz um abrigo.
Criei uma realidade,
encenei a felicidade.

O arqueiro acertou o alvo!
Águas em uma represa.
O caçador capturou a presa!
Paguei um preço alto.

Coração prisioneiro,
vigiado pelo medo.
Liberdade engaiolada,
pássaro com asas quebradas.

Diante de uma encruzilhada
desferiram-me um golpe letal.
Enjaulada como uma fera,
internada como insana mental.

Mas sou sobrevivente de guerra;
sou flor que brota das pedras;
sou oásis no deserto;
sou sol que erradia no inverno.


Do fracasso sou o inverso.
Ressurjo das cinzas,
sou fênix,
queimo as feridas!

Renasço como Osíris.
Sou forte como um touro!
Peregrina do arco-íris,
no fim encontro o ponte de ouro.