segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Vida própria















Estou confusa, perdida e só.
Já faz algum tempo que me encontro nesse mundo
Cheio de caminhos sem nenhum passo
Minhas pernas não se movem
Mando ordens ao meu cérebro que as façam andar
Mas elas insistem em não obedecer

Esses olhares juizes
Condenam-me,  prendem e jogam a chave fora
Antes fosse a cadeira elétrica
Eu sentiria a dor da energia passando por meu corpo
Meu coração aceleraria para logo após parar
Mas não morreria por essa paixão voraz

E quando descobrissem que era inocente
De mim restaria o peso em suas consciências
Eles tentariam esquecer
Mas o som dos meus gritos ecoaria em suas mentes e tímpanos
A imagem do meu corpo inerte, sem vida, seriam os seus pesadelos de todas as noites e o tormento de todos os dias.
Seria eu imortalizada em seus pensamentos até que viesse fazer-me companhia
Mas torceria por vossa longevidade

- Mas não! Eles sabem castigar.
Infligem-me uma dor que olhos alheiam não notam
Então não me resta nem a culpa deles, só a dor a me definhar.
Eles desenham minha vida distorcida e fora de foco
Eles descrevem minha vida como mais bandida do que das filhas deles
-Mas eu sei a verdade!
...mas do que me vale sabê-la, se ninguém a aceita?!

-Mas eu sei a verdade...

Sei que eles projetam em mim seus desenganos e decepções com sua prole
Pois admitir a ausência de caráter da própria cria é admitir a incompetência deles, enquanto pais
Voltam à atenção alheia para mim
Desse modo ninguém as nota, por que são cidadãos respeitáveis e não uma rebelde sem causa.
- Mas sou inocente! E não necessito que acreditem.
Porque suas vidas são vazias e sem sentido
Vivem para o que serão os filhos
Embriagam-se da minha vida e fazem dela vosso parque de diversão
Apenas uma pequena distração

Queres ser como eu
Que vivo e não me importo com o que digam
Não tenho regras morais, nem leis sociais para respeitar.
Não abro mão da felicidade por uma boa fama
Rolo na lama se for divertido
Faço tudo que me rendam boas gargalhadas

Assino minha identidade.
Não tenho atos impostos por uma sociedade
Tudo reflete o que sinto
E sou livre por isso
Sem traumas, sem medos e arrependimentos.
Não sou forma, sou conteúdo.

Teu veneno não contamina meu poema.
Teu fel não tira o bom sabor dos meus sentimentos
E eu tenho o antídoto
Um banho de chuva, um mergulho no mar.
E jaz sua poluição.
Pois não sou marionete em suas mãos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário