domingo, 20 de maio de 2012

Aqui se faz Literatura

*Artigo publicado no Caderno D ano II - n° 8, Fevereiro de 2012

A literatura é uma manifestação artística que, tal qual as artes plásticas, é constituída por distintas Escolas, no Brasil, por exemplo, compreende do Quinhentismo ao Pós Modernismo. Logo, se referir a uma “literatura capixaba” é presumir equivocadamente que a produção literária regional independe da literatura brasileira, apesar dessa ser única. Pois o que existe é literatura produzida por autores capixabas, natos ou adotados. Cujo início se deu com os autos escritos por José de Anchieta, no final do século XVI. Desde então ocorreram diversas mudanças, que oscilaram entre fases de pouquíssima produção, como os séculos XVII e XVIII, restritos a literatura de louvor a Nossa Senhora da Penha, e de franco desenvolvimento, como o século XX, marcado pela criação de importantes instituições ligadas à literatura, o Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo e a Academia Espírito-santense de Letras, ambas ainda atuantes, além do lançamento da Revista Vida Capichaba, que contribuiu por quase quatro décadas para a cultura regional. Em meados desse decênio, autores capixabas já despontavam em âmbito nacional, como Haydée Nicolussi (1905-1970), poetisa brilhante, lembrada por Graciliano Ramos em Memórias do Cárcere, e Rubem Braga (1913-1990), reconhecido como um dos melhores cronistas do país.

São muitos os autores que merecem citação, porém, não cabem todos nesta revista, entre eles estão Renato Pacheco (1928-2004) pioneiro na publicação de romances modernos, Fernando Tatagiba (1946-1988) e Bernadette Lyra, os dois precursores do conto capixaba moderno e, dos anos 1980, Reinaldo Santos Neves, Adilson Vilaça e Francisco Grijó, fundamentais no gênero de ficção em prosa, assim como Paulo Roberto Sodré, Sérgio Blank e Oscar Gama Filho, para a poesia. Os próximos decênios se configuraram pelo reconhecimento e valorização do capital social e, concomitantemente, pelo estímulo à cultural, através de Leis de incentivo, como a Lei Rubem Braga da Prefeitura de Vitória, e de Editais, como os da Secretaria de Cultura do Estado e o mais recente Bolsa Cultura Jovem, que viabilizaram o surgimento dos novos autores, como Saulo Ribeiro, Gladson Dalmonech, Caê Guimarães e Erly Vieira Junior, para citar alguns.

Contudo, falta ao cenário literário espírito-santense um sistema eficaz de divulgação e comercialização das obras, a dificuldade não é mais o processo de produção e publicação do livro, mas a formação do leitor e o acesso dele às obras, visto que elas permanecem por pouco tempo nas livrarias, muitas vezes, nem chegam até elas, sendo vendidos apenas no lançamento ou de boca-a-boca, por seu autor, como faz Aline Dias, que sempre leva na bolsa o seu primeiro romance, intitulado Vermelho, para oferecê-lo aos que encontra, sendo assim, escritora e propagandista.

Leia todos os artigos do Caderno D n°8 e conheça mais da cultura capixaba

Clique na imagem, que se inicia o download:




Um comentário:

  1. Mt bom esse texto. reflexivo, coerente. e nos alerta q precisamos mudar, mesmo com as "melhorias" q tivemos nestes últimos anos.

    ResponderExcluir